Hoje, dia quinze de agosto de 2018, marca o aniversário de 50 anos da tragédia que ocorreu na Praia do Silêncio, antiga Praia da Melodia e também conhecida como praia do pânico. Na reportagem de hoje, mostraremos algumas das ocorrências que levaram a grande tragédia da Rainha Sirena por meio de relatos históricos da cidade de Pé-De-Montanha, onde a praia se encontra. Sem mais delongas, aqui estão alguns relatos históricos, incluindo alguns nunca mostrados ao público:
Janeiro de 1982 - Jornal Televisivo - Reportagem: Relato de canções na praia das Sereias - Transcrito
Boa tarde, Julio,
Hoje, no dia 14 de Janeiro, banhistas disseram ouvir estranhos cantos vindos da água. Julia bonfim, 14, falou com o nosso jornal:
Entrevistador: Julia, o que você ouviu?
Julia: Tinha umas vozes muito estranhas e parecia uma orquestra, mas é muito lindo, muito lindo mesmo.
Entrevistador: Você voltaria para a praia só pra ouvir essa música?
Julia: Não sei, mas é muito esquisita, eu gostei.
Julia então foi tomar um picolé na barraca 12, com o novo picolé sabor tomate! Outros banhistas reportaram poder ouvir melodias também, mas nem todos reportaram ouvir uma “orquestra” como Julia disse. Alguns cientistas marinhos próximos da costa foram avisados e estão se dirigindo para a Praia das Sereias por volta das quatro horas da manhã para começarem suas investigações. Uma das teorias apresentadas por eles é a existência de uma nova criatura!
Outubro de 1982 - Jornal do Morro - Manchete: Água da Praia das Sereias Considerada sagrada por um grupo cada vez maior de habitantes
Seguindo os acontecimentos dos últimos dez meses, habitantes da cidade de Pé-de-terra acreditam que as águas da Praia das Sereias é sagrada. Os habitantes disseram sentir que o contato com a água e ouvir as melodias por alguns minutos os acalmava. Alguns disseram que levaram para suas casas a água da praia, até mesmo em piscinas, mas não sentiram o mesmo efeito. Os biólogos marinhos, agora situados no laboratório em construção próximo a costa, disseram ter percebido que a água conduz leves vibrações, que acompanham a melodia. O motivo das melodias continuam sem explicação.
Fevereiro de 1983 - Jornal do Morro - Manchete: Melodias da Praia das Sereias se tornam ponto de turismo para a pequena cidade de Pé-de-Terra
Melodias da Praia das Sereias se tornam ponto de turismo para a pequena cidade de Pé-de-Terra, as melodias que começaram no ano passado, não tem explicação científica ainda, mas já é conhecida como a oitava maravilha do mundo por turistas de todo mundo.
A melodia, que é diferente para cada um que a houve de acordo com turistas, mostra resultados impressionantes em pacientes com problemas de depressão, ansiedade e até esquizofrenia. Graças a isso, pessoas de todo mundo estão indo para a Praia das Sereias. Tomando conta da preservação da praia e da qualidade da água, está o grupo chamado Protetores Da Voz, que patrulha e lida com turistas desavisados que decidem sujar a praia. O grupo recebeu autorização das forças policiais e do governo municipal para o uso de gás de pimenta. Nenhum incidente ainda foi encontrado com o uso de gás de pimenta, graças as diversas placas sinalizando o cuidado com a praia em diversas línguas.
Julho de 1983 - Jornal do Morro - Parece que o milagre acabou! Praia das Sereias sofre risco de perder seu canto!
Foi confirmado por biólogos e pelo grupo Protetores Da Voz, esse último com desespero, que a cantoria da Praia das Sereias está mais fraca. Os biólogos acreditam que seja lá qual for a criatura que causa o som, deve estar mudando de local, provavelmente voltando para as profundezas. O grupo local PdV em contrapartida, acredita que a falta de agradecimentos a divindade que canta as melodias fez com que ela se afaste daquele lugar. O grupo de biólogos decidiu se manter na praia, caso a criatura volte. O grupo PdV por sua vez, acredita que a melodia parou pois a divindade que habita a praia não está sendo adorada o suficiente.
Agosto de 1983 - Primeira Cerimônia das Melodias - Transcrito
Estamos reunidos hoje, pessoas de Pé-de-terra, para saudar a benção que chegou as nossas vídas por meio da água. A melodia que nos guia e nos fortalece todos os dias. Hoje saudamos as águas da Praia das Sereias com uma cantoria nossa. Que a divindade deste local possa nos ouvir. Todos nós colocaremos os pés na água e cantaremos em união, agradecendo pela benção que nos é concedida. Peguem seus panfletos com a letra da música e acompanhem os sacerdotes.
(cantando)
Desde o grão
Da areia
Até o por do sol
Tudo nós concedemos
A nosso senhor
E suas vozes, vem do mar
E são cheias de amor
Ó divindade, ó divindade
Nós devemos a você
Nossa fe-li-cidade.
Agosto de 1983, cinco dias após a Cerimônia das Melodias - Jornal do Morro - Manchete: Cerimônia salva turismo na cidade de Pé-de-Terra e melodias voltam!
Nesta quarta-feira, dia 20 de Agosto, foi realizada a primeira Cerimônia das Melodias, nomeada e organizada pelo grupo Protetores da Voz. O evento ocorreu por volta das dezenove (19) horas e durou apenas meia hora, tendo como evento principal a canção dedicada ao que os sacerdotes chamam de A Divindade.
O que chocou a população e principalmente os biólogos, é que a cantoria funcionou! As melodias cantadas pelos presentes no evento parecem ter salvado o turismo de Pé-de-Terra e a fonte de adoração de cada vez mais habitantes e turistas. Algumas pessoas, incluindo todos os sacerdotes, cantaram a melodia enquanto mantinham suas cabeças submergidas na água, bolhas de ar subindo enquanto cantavam. As pessoas que resolveram por isso, reportaram ouvir a melodia muito mais alta que qualquer outro dia, trazendo até lágrimas para alguns dos sacerdortes do grupo PdV.
Janeiro de 1984 - Jornal Televisivo - Reportagem: Prefeito de Pé-de-Terra muda nome de praia após ocorrências milagrosas - Transcrito
Boa tarde, Paulo, estamos aqui novamente na antiga Praia das Sereias, agora chamada Praia das Melodias.
Como você pode ver, a praia está lotada de banhistas, conseguimos ver algumas patrulhas dos Protetores da Voz, um grupo da cidade que toma conta da praia.
A Praia da Melodia ganhou esse nome desde que, dois anos atrás, as águas da praia começaram a soar uma calmante melodia. A melodia, ainda sem explicação, está sendo estudada por um time de biólogos marinhos e é a adoração de vários habitantes da cidade e um número cada vez maior de turistas!
O dia está quente e a praia não contém nenhum quiosque, então se vier visitar a Praia das Melodias, venha com uma garrafa d’água e não se esqueça de não jogar nenhum lixo na praia, pois poderá receber uma multa de até R$5000 em seu nome. Isso é tudo, é com você, Paulo.
Agosto de 1984 - Segunda Cerimônia das Melodias - Transcrito
É a nossa segunda comemoração de agradecimento a Divindade que habita essas praias. Hoje viemos aqui não para implorar pela sua volta, mas para agradecer por mais um ano de amor e cuidado. Obrigado, Divindade. agora, todos comigo mais uma vez,
Obrigado Divindade
Agora, por favor, peguem os panfletos, cada sacerdote levara até 10 pessoas para a água durante a canção. Aqueles com os tickets, venham a frente. Os que não puderem entrar na água, botem seus pés na água e sintam as vibrações, o amor da Divindade alcança todos os sentidos.
(cantando)
Desde o grão
Da areia
Tudo louva, para ti
Tudo damos, e oramos
Para só seu amor
Suas voz que nos guia
Viemos agradecer
Ó voz linda e sagrada
Você protege nosso ser
Ouviremos sua benção e ela encherá nosso ser
Setembro de 1984
Obituário - Dia dezesseis de Setembro de 1984
Michael Bonfim Sazulete, 35 anos. Profissão: Vendedor. Filiação: Suzanna Bonfim Danliek e Otávio Bonfim Sazulete filho. Sepultamento hoje, no Cemitério paroquial Pedro Vondezak.
José Vindecilho da Silva, 22 anos. Filiação: Gina Vindecilho e Antonio Vindecilho da silva. Sepultamento hoje, no cemitério Aquino.
Jornal do Morro - p. 3 - ACIDENTES - Senhor de idade morre após tentar salvar morador de rua em Praia das Sereias
Michael Bonfim Sazulete, 35, morreu afogado após tentar salvar um morador de rua que entrou na água e foi levado pelas ondas. Pessoas que viram a cena, por sua vez, reportam que Michael parecia ter encontrado o homem mas foi levado pelas ondas também. O acidente aconteceu no dia 15, no sábado. Os corpos foram encontrados um dia, depois e apresentavam várias escoriaçòes, sinais de briga e asfixia.
O morador de rua foi identificado pelos pais como José Vindecilho da Silva, 22. José mora em Itarugaba e estava desaparecido por três meses. Os pais do jovem pensavam que José poderia estar próximo da costa, sabendo do amor do filho por surfar e decidiram ficar atentos às notícias da rádio do Morro, onde receberam a notícia do afogamento logo após o ocorrido.
Michael deixa 3 filhos, Julia, Marcio, Phelipe e sua esposa Érica Bonfim. José não tinha filhos e deixa apenas seus pais.
O grupo Protetores da Voz (PdV) disse em entrevista com a mídia que tomara conta das praias após as 19 horas.
Julho de 1985 - Jornal do Morro - Manchete: Igreja Da Voz inaugurada!
Hoje, 22 de Julho, é inaugurada a Igreja da Voz. A Igreja da Voz é administrada pelo grupo PdV, conhecido por cuidar e adorar a melodia gerada nas águas da Praia da Melodia.
O Arqui-sacerdote Costino foi dado como o topo da Hierarquia do grupo Protetores da Voz e da Igreja da Voz. Ele diz conseguir ouvir as vozes de sua divindade sempre que canta abaixo d’água e é reconhecido pelos outros integrantes do PdV.
Costino era apenas um catador de latinhas que diz ter ouvido o cantar das músicas no momento mais difícil de sua vida e foi apenas com as bençãos e as palavras concedidas pela melodia que ele consegue ser quem é hoje.
Costino disse em jornal que “A melodia só pode ser sentida aqui, queremos santificar a Praia da Melodia!”. Quando perguntamos sobre sua opinião sobre a tragédia que ocorreu no ano passado, onde duas pessoas morreram afogadas na praia, ele nos disse:
Que em morte possam viver nas profundezas, abraçando nossa divindade que os acolherá com todo o amor que uma mãe pode ter.
Em seguida, Costino pediu licença, pois precisava guiar alguns novatos para dentro da água, atividade comum em seu dia-a-dia onde mais e mais turistas se apaixonam e voltam para poder agradecer a paz trazida pela Melodia da praia.
Janeiro de 1986 - Revista periódica - Fofocas que a Ju disse! - Manchete: Olha só! Atriz Flavia Vologati encontrada na praia das Melodias!
P.3
MANCHETE
Flavia Vologati, atriz da novela Banana e Chocolate, passou o ano novo em um dos locais mais falados dos últimos meses, a Praia das Melodias. Para as amigas desavisadas, a Praia das Melodias é conhecida por ser um local paradisíaco, até culto o lugar tem! A água da Praia da Melodia faz juz ao seu nome, pois é dito que uma suave música pode ser ouvida sempre que a água cobre seus ouvidos!
O motivo para isso ainda não foi descoberto, mas é dito que a melodia te acalma e que pode até mesmo curar depressão! Agora fica a pergunta, amigas, será que Vologati precisou relaxar longe das praias grandes para não se encontrar com outras celebridades? O caso que aconteceu no set da Novela Banana e Chocolate chocou a… (...)
Abril de 1986 - Jornal do Morro - Manchete: Cidade de Pé-de-Terra se torna polo turístico!
A cidade que deu muito o que falar nos ultimos anos agora surpreende novamente! desde ‘82, o turismo em Pé-de-Terra vem crescendo e após a vinda da atriz Flavia Vologati na virada do ano, cresceu às alturas! Os últimos registros de atividade comercial mostram que a cidade não tem infraestrutura para aguentar tantas pessoas, que estão cada vez procurando mais pela melodia da praia.
A igreja da Voz se oferece a acomodar pelo menos quarenta(40) pessoas por dia, que poderão então ter tempos estipulados em áreas cercadas da praia. A estadia custa por cerca de R$100, além do custo de alimentação. A igreja também contém cultos e celebrações com vinho sacramental.
Agosto de 1986 - Terceira Cerimônia das Melodias - Transcrito
Boa noite, irmãos e irmãs. Viemos aqui agradecer, como todos do nosso grupo PdV fazem diariamente, agradecer pelas benção concedidas pela Divindade que habita nossas águas. Hoje, somos um só, uma criatura de amor que cantará para que nossa divindade possa receber nem que 1% da benção que nos concede.
(cantando)
Desde o pai,
desde o filho,
Até mesmo o avô,
Vem louvar a sua voz, te trazer nosso amor
Só você que nos guia, sua voz a cantar
Não queremos nada mais do que fazer você brilhar
Ó mãe d’agua, nossa guia, pura voz de amor
Nós pedimos e choramos pelo seu candor
E por ti vamos sempre nos levantar
E sua voz, como guia, nós vamos louvar
Janeiro de 1987- Jornal Televisivo - Entrevista: Praia da Melodia consagrada como espaço sagrado - Transcrito
Boa tarde, Paulo, estamos aqui novamente na Praia da Melodia e viemos hoje falar com a autoridade maior da Igreja Da Voz. Estou aqui então com o Arquiservo, Senhor Pompeu Filho. Bom dia pro senhor,
P: Bom dia
fala pra gente então, como tudo começou.
P: É muito simples, Patrícia, uma divindade visita nossa praia. Não sabemos o porque a Divindade se apossou da Praia da Melodia e nem o que ela quer, mas louvamos as bênçãos que ela trás para todos nós.
Incrível! O senhor é morador daqui, então imagino que deve ter visto quando a Divindade apareceu - Pompeu balança a cabeça em afirmação -, o que a aparição desse fenômeno gerou de diferença na cidade e na sua vida.
P: Tudo. Mudou tudo na minha vida. Depois que eu comecei a passar tempo na água, ouvindo a melodia, eu me senti uma outra pessoa. Eu tinha depressão, eu tinha acabado de sair do meu terceiro casamento e planejava entrar na água pra não sair mais. Foi quando eu estava quase sem pé que ouvi a melodia.
E então? O que aconteceu?
P: Então eu fui levado pelas ondas e acordei perto da praia, era como se algo estivesse me protegendo. Foi quando eu decidi viver todos meus dias ouvindo a melodia de nossa Divindade. É por isso que montei essa Igreja, é por isso que eu sorrio todos os dias!
Incrível! Senhor Pompeu, nosso tempo está acabando, você deseja deixar alguma mensagem para as pessoas em casa?
P: Venham nos visitar, a cidade de Pé-de-Terra aceita todos de braços abertos.
Bem, esse é nosso tempo por hoje! Muito obrigado pela participação, Sr. Pompeu.
-A entrevistadora se afasta do Senhor-
É realmente incrível os relatos que estão acontecendo em Pé-de-Terra! Infelizmente, a cidade está em constante temporada então, caso vierem viajar para aqui, não se esqueçam de planejar desde estadia até alimentação. Voltamos agora para nossos estúdios com a história de Peter Adams, o Zorro, que morreu de câncer aos 69 anos. É com você, Paulo.
Maio de 1987 - Jornal do Morro - Ocorrências - P.5 Deu briga! Grupo PdV discute com biólogos.
Nesta quarta feira, 20, integrantes do grupo Protetores da Voz causaram comoção ao bloquearem a passagem de um caminhão que carregava um pequeno submarino. A comoção durou pouco, sendo dissipada pela força policial rodoviária antes que pudesse piorar.
Foram encontradas três latas de spray de pimenta entre os cinco integrantes do grupo. Quando questionados, o grupo diz não gostar da constante invasão das águas do que eles chamam de Divindade, o conhecido fenômeno da Praia da Melodia. Ainda reforçaram que continuarão defendendo as águas, pois sabem da importância da Divindade para com a população e, de acordo com o grupo, toda a humanidade.
O grupo PdV já é conhecido por causar problemas na cidade de Pé-de-terra. O grupo, por decreto do prefeito, tem permissão para usar de armas não letais contra banhistas que não respeitam as leis impostas na Praia da Melodia. Por causa disso, diversos pequenos acidentes ocorreram nos últimos anos, como o uso exacerbado de spray de pimenta e brigas com banhistas que não seguiram as regras.
Agosto de 1987
Quarta Cerimônia das Melodias - Transcrito
Desde a vida
Até morte
Nós viemos te adorar
Ó voz linda que nos guia
Viemos para louvar
Suas bênçãos, seu amor
O que você nos diz
Que podemos e seremos
Um mar feliz
Revista periódica - Fofocas que a Ju disse!- Manchete: Pouco mar pra muito peixe! Banhistas se agridem por espaço na Praia da Melodia!
P.5 - MANCHETE
A cidade de Pé-de-Terra ataca novamente! A quarta Cerimônia das Melodias deu o que falar. Pra quem não conhece, a água da Praia da Melodia tem propriedades curativas mas só se você estiver com os ouvidos na água.
O bafafá começou quando um dos banhistas decidiu que não estava curtindo o som o suficiente e pediu pro amigo da frente entrar mais na água. O amigo da frente, que não gostou da ideia de ser interrompido durante suas rezas, resolveu então resolver os problemas na pancada!
A briga não atrapalhou o evento mas deu o que falar, pois logo depois que os dois sujeitos começaram a brigar, pessoas do grupo Protetores da Voz, seguranças da Praia da Melodia, pegaram os dois pelo braço e os tiraram a força da água. Mas foi só depois de tirar da água os dois que eles perceberam que um dos dois não era ninguém mais que o ator Jorge Sertão, marido da atriz Flávia Vologati que também participou do evento. Flavia ainda comentou
“Eu só percebi quando a cerimônia acabou”
e diz que o inteiro incidente não passa de um mal entendido. Jorge não quis dar entrevista, dizendo que iria voltar no próximo dia e fazer sua própria cerimônia.
Dezembro de 1987 - Jornal do Morro - Notícias p.12 - Biólogos Marinhos lançarão submarino para estudar os mares próximos da Praia da Melodia ano que vem.
Foi divulgado no portal científico do estado que no ano de 1988, serão iniciadas explorações submarinas nas áreas ao redor da Praia da melodia, com o intuito de entender melhor o fenômeno dos cantos.
Os biólogos que pesquisam a possível criatura estão presentes na Praia da Melodia desde 1984, quando as vozes inicialmente foram cantadas. Em entrevista, a pesquisadora Olga Dahkle disse que continuará a procura da criatura, mesmo com as tentativas do grupo Protetores da Voz de parar as pesquisas.
Maio de 1988 - Jornal Televisivo - Morre o Sacerdote Pompeu na Praia da Melodia
Morreu hoje aos 57 anos o Arquiservo da Igreja da Voz, religião centrada no fenômeno das vozes na Praia da Melodia. Pompeu Filho morreu afogado na Praia das Melodias durante um de seus banhos nas águas que considera sagrada.
Pompeu tomava banhos diários nas águas da Praia da Melodia, sempre rezando pelas bênçãos da água, pedindo proteção e felicidade não apenas para ele mas para todos os banhistas da praia. O senhor ficou conhecido por ser o porta-voz das canções na Cerimônia das Melodias e por ter fundado tanto o grupo Protetores da Voz quando a Igreja da Voz.
O corpo foi encontrado em alto mar por pescadores, que disseram encontrar o falecido Arquiservo em um calmo sorriso, boiando na água. Pompeu não tinha família e deixa apenas seus dois cachorros e o legado do grupo PdV e da Igreja da Voz.
A Cerimônia das Melodias agora irá também honrar a jornada de adoração do antigo Arquiservo, durando meia hora a mais que será preenchida com anedotas e fotografias do Arquiservo pelos seus quatro anos de trabalho aqui na Praia da Melodia. A cerimônia já conta com a presença de diversas celebridades, incluindo Eu e a minha colega de trabalho, Tânia Clara.
Agosto de 1988
Jornal do Morro - Cidade de Pé-de-terra se torna cidade fantasma após ataque de criatura desconhecida!
Nessa quarta feira, 15, foi confirmado o ataque a cidade por uma criatura gigante não identificada. O ataque deixou mais de quinhentos mil mortos e desaparecidos. Nas páginas 2 a 17, todos os nomes das vítimas estão presentes. O grupo editorial do Jornal do Morro deseja que todas as famílias e amigos das vítimas possam ter tempo de se recuperar de tamanha tragédia. O jornalista Pablo Oliveira, diretor da equipe editorial e dono do jornal foi um homem exemplar e um grande homem e que infelizmente foi embora, junto de sua família.
Para doar para as vítimas a causa das vítimas da cidade de Pé-de-Terra, você pode mandar cheques para a caixa postal 1553590-3ddf, a sede da associação Luz Azul. O grupo editorial pede perdão a todos nossos leitores pela falta de notícias no jornal de luto, que hoje se mantém de luto por todas as vítimas do ataque.
Após isso, diversas notícias foram divulgadas e temos até hoje lembranças do impacto que causou tamanha tragédia. A causa misteriosa nunca foi divulgada, nada alémn de relatos de aviões e barcos distantes.
Até três meses atrás, quando foi recuperada as gravações de Olga Dahkle, uma bióloga marinha que presenciou o ataque e documentou o que viu em seu gravador. Apresentamos aqui, nunca antes visto, os transcritos de Olga Dahkle, vítima da Rainha das Sirenas.
Entrada do diário de pesquisas subaquáticas D508-89
Dia quinze de agosto, nesta quinta expedição, planejamos finalmente encontrar a criatura com a ajuda do canto de diversas pessoas enquanto na água. Relatos durante os anos comprovam que a melodia se torna mais forte quando diversas pessoas cantam na água.
(…)
Meu contato com a central foi cortado. O radar captou um grande movimento ao oeste, em direção a praia. Iniciei manobras de emergência. Ao chegar próxima da superfície, a cabine começou a vibrar junto com a água. Iniciei despressurização da cabine e diversos sons tornaram quase ensurdecedor o ambiente. Me manti segura graças às almofadas do capacete. A vibração mantinha meus sentidos dormentes. O radar estourou pelas vibrações segundos depois que alcancei a superfície. Usei as bolsas de ar e movimentei o submarino para a praia. Quando me aproximei o suficiente, comecei a ouvir mais barulhos. Pareciam pessoas em extremo desespero e raiva, gritos de socorro e gritos de comando, como escravos e escravistas. Eles andam em fila, alguns gritando sobre estarem surdos. Outros gritam a procura de seus familiares e alguns, infelizmente, estão gritando sobre seus olhos terem estourado. Suponho que o estouro seja causado pelas vibrações. Quando abri a portinhola, descobri que estava certa. Eu vi homens que exalavam uma aura de superioridade, seus olhos vermelhos e sangrando. Eles apontam para algo. Vejo também pessoas de todo tipo marchando, em prantos mas sem sinal de recusa. Todos eles tem orelhas ou olhos sangrando. Nenhum deles parece me ver, mas eu sinto que eles sabem da minha presença assim como eu a deles. Eu sei que não valemos a pena, que precisamos alimentar a voz, que nada nos daria mais felicidade, que não temos valia e nem sonho depois daquilo. Eu sei de tudo isso mas… Eu ainda consigo me ouvir e com isso eu… Eu posso lutar contra esses pensamentos. Irei correr até alcançar a calçada, abandonando o submarino. Enquanto corria na calçada da praia eu avistei nossa rainha. Tão linda, tão mágica, uma deusa. Seu rosto tem dentes que reluzem escarlate, jorrando o sangue da nossa fraca matéria, nosso sangue podendo a fortalecer mas… Eu vou viver, eu preciso viver. A rai- Criatura tem, em estimativa, de nove metros a dez metros. Ela parece ter aparência humanóide até o que se categoriza como sua cintura. Abaixo disso, uma massa de peixes a segue, determinados em ficarem cada vez mais próximos da rainha. Alguns tentáculos e o que parece bocas de lampreias cobrem seu corpo cintura abaixo. A saia da rainha se alimenta aos poucos dos peixes. No final de seus braços, azuladas garras perfuram os sacrifícios para que sua majestade se mantenha linda. Minha mente está sendo bombardeada com pensamentos alheios sobre a ra… criatura. Me moverei para longe da criatura, seguindo o protocolo de segurança. Estimo que esteja longe o suficiente para olhar para a criatura novamente. As vibrações continuam me acertando e meus sentidos continuam dormentes. Eu ainda não identifiquei de onde a voz e as vibrações vem. Olhando em volta, não encontro ninguém nas lojas e apartamentos, talvez todos tenham se dirigido até a praia. Até agora ninguém parece ter me dado atenção, talvez esteja segura aqui. Observando a rainha, ela parece se mover com a nobreza de uma rainha, seus movimentos mesmo horríveis, lindos a quem vê. Ela parece ter me percebido, seus olhos que parecem pequenos pontos roxos daqui focaram no meu, eu sei que focaram. A criatura parece estar se movimentando e ficando de costas. O barulho está aumentando novamente. A rainha me mostra a mais linda visão. Sua boca, sua verdadeira boca, a que cria as melodias. Em suas costas, eu consigo ver fileiras e fileiras de dentes, numa linha vertical. Eu consigo ver a sua boca cantando cada vez mais alto. Eu vejo, eu sinto, eu… eu preciso… Nossa carne, nosso sangue, tudo damos a ti. Ó rainha, ó nobreza, traga a nós nosso fim. Com nosso sangue, nosso corpo, nossos gritos de dor. Traremos para ti todo nosso ardor. Nossa carne, nosso sangue, tudo damos a ti. Ó rainha, ó nobreza, traga a nós nosso fim. Com nosso sangue, nosso corpo, nossos gritos de dor. Traremos para ti todo nosso ardor. Nossa carne, nosso sangue, tudo damos a ti. Ó rainha, ó nobreza, traga a nós nosso fim. Com nosso sangue, nosso corpo, nossos gritos de dor. Traremos para ti todo nosso ardor.
O áudio continua a repetir esses versos por mais vinte minutos, quando então é cortado pela quebra do gravador.
Muito obrigado por ler este panfleto até o fim. A todos que perderam alguém com esse terrível acidente como aos que apenas sentem empatia por todas as vítimas, vocês não estão sozinhos. A praia das Melodias felizmente foi mudada de nome para Praia do silêncio e sua entrada barrada.
Muito obrigada a todos que ajudaram no memorial e a todos que vieram nos ver.
Organizadores
Julia Bonfim
Gina Vindecilho
José Vindecilho
PS: Eu na verdade criei o brógui só por essa história
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